Quando me perguntam de onde sou, já nem sei mais o que responder, mudei tantas vezes de lugares, que meu sentido de LUGAR se remete apenas ao local de nascimento, Andradina, interior de São Paulo, e quando vou a cidade visitar meus familiares e amigos, não encontro mais ninguém da minha infância e adolescência, ou quando encontro alguém as conversas se limitam à vida pessoal de cada um e fim... Na verdade me sinto deslocada e aquelas férias que eram para serem de uns vinte dias ou quase um mês, passam a uma semana ou no máximo dez dias.
Nos meus 14/15 anos mudei para Jundiaí-SP, fui morar com minha mãe, pois até então estava morando com minha avó (minha mãe havia se mudado a procura de emprego), morei apenas um ano, essa fase foi maravilhosa, fiz novas amizades, apesar da dor no coração em deixar os velhos amigos em Andradina, mas foi uma coisa totalmente nova, uma dela era o simples ato dos meus novos amigos irem a minha casa! Coisa que antes não acontecia, por morar “longe” de todos, isso na minha opinião se chama preguiça, mas tudo bem!rs.
Depois de um ano, retornei para Andradina com o pretexto de uma bolsa de estudos num curso técnico que havia ganhado. Estudei, terminei o curso e naquele momento era hora e de me preparar para uma faculdade, pública de preferência, porque do contrário não tinha condições de pagar. Neste momento minha mãe estava morando (e está) em Caieiras-SP, região metropolitana de São Paulo capital, mas já emancipada!rs Passei um mês aqui sufocada e perdida, tentando arrumar um emprego para poder estudar, foi quando minha tia de Jundiaí convidou-me para ficar um tempo em sua casa para fazer um cursinho pré-vestibular gratuito. Fui , arrumei um emprego e estudava para o vestibular, foi uma fase do “tudo ou nada”, acho que pela ansiedade de ser jovem! Prestei vários vestibulares e passei na Universidade Federal de Mato grosso do Sul-UFMS, campus de Aquidauana, novamente iria a Fernanda se mudar! Aprendi muitas coisas morando em outro Estado, uma delas é o que é ser um paulista e perceber minha cultura, coisa que passa despercebido aos olhos de quem mora no estado de São Paulo, o fato é que hoje vejo as coisas com outros olhos!
Fim da graduação, vim passar um tempo com a minha mãe em Caieiras e fazer umas disciplinas como aluna especial num mestrado em São Paulo, já quase término das disciplinas, junho/2008, irei morar em Campo Grande-MS, onde tenho um verdadeiro amor, Marcio Kazuo, que no meio dessa história toda já foi morar até no Japão e eu aqui no Brasil (essa é um outra longa história!). Irei trabalhar na minha área, Turismo, mas não se engane o fato do meu descompromisso com algum território com minha profissão! Nesse meio tempo quase fui para o Pantanal trabalhar!rs
O fato é que, dependendo de onde estiver, do meu humor e rumor, escreverei sobre diversos lugares e olhares, a questão é, será que sou desterritorializada ou multiterritorializada, segundo os conceitos da geografia? Preciso me aprofundar melhor sobre tais conceitos!rs
Uma amiga minha de Andradina disse que sou cigana! E ainda há lugares na minha infância que morei e não me lembro, como em Tupi Paulista-SP, segundo relatos da minha mãe e outros que lembro sucintamente e faço questão de esquecer, como em São Paulo-SP, na Vila Nova Cachoeirinha, Zona Norte.
O território brasileiro é extremamente extenso e diverso, parece que o deslocamento está muito arraigado no povo brasileiro, a migração em busca de novas e melhores oportunidades na vida. E se tratando do meu sentimento de pertence a um determinado lugar, não se restringe a apenas um local, parece que mantenho uma identidade com cada um dos lugares que morei, seja bom ou ruim – mas nunca esquecendo as minhas raízes, da maneira que fui criada - é uma identificação da sua vida, uma característica peculiar que aconteceu com você ali, naquele determinado momento, que só você sabe dizer, é a sua sensação, sua percepção.
Termino aqui com um trecho do texto do Carlos Vainer “Reflexões sobre o poder de mobilizar e imobilizar na contemporaneidade” in Póvoa Neto, Helion (org.), Cruzando Fronteiras Disciplinares: um panorama dos estudos migratórios, Rio de Janeiro: Revan, 2005 pp.251 – 274. “[...] o mundo desterritorializado e sem fronteiras de uns é o mundo territorializado e murado de outros”.(pp.273)
Nenhum comentário:
Postar um comentário