
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
O Cio da Terra
Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão
Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
Roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra, a propícia estação
E fecundar o chão
domingo, 5 de dezembro de 2010
Por uma geografia do poder - (O quadro de Goya) - Raffestin
O quadro de Goya foi usado na capa do livro: Pour une géographie du pouvoir (por uma geografia do poder) de Claude Raffestin, ele representa as tramas do poder segundo Raffestin:
Ao escrever isso nos vem à memória um quadro de Goya que, para além do que representa, expressa com incrível precisão o complexo emaranhado da trama que as relações de poder tecem nos espetáculos mais insignificantes. Pensamos neste Don Manuel Osorio de Zuniga, que coloca em cena uma criança e seus brinquedos "vivos". A criança vestida de vermelho, o ator por excelência, e também os animais dispostos aos seus pés, à direita, à esquerda e a frente, compõem o significado do espaço do quadro. O significado do espaço também é dado pelas relações mantidas pelos elementos desta composição. A obra de Goya é uma fascinante metáfora pictural de sistema de poder. Sem dúvida a criança domina por sua presença realçada pelo vermelho, mas só domina porque todas as relações passadas, presentes e futuras passam por ela. É ela que quem segura o cordão que prende o pássaro colocado à sua frente, cujos movimentos potenciais são determinados pela maior ou menor liberdade que a criança lhe proporcionará. Á direita dela, três gatos, cuja cabeças ocupam os vértices de um triângulo imaginário, têm o olhar voltado para o pássaro, no qual vêem um trunfo para a violência deles.

BIBLIOGRAFIA:
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. São Paulo: Ática, 1993.